segunda-feira, 17 de agosto de 2009

31% dos brasileiros não sabem o que é saneamento básico

Pesquisa do IBOPE e do Trata Brasil revela qual é o grau de conhecimento e de satisfação da população com os serviços de esgoto. Foram realizadas 1.008 entrevistas com moradores das 79 cidades brasileiras com mais de 300 mil habitantes.

Com a meta de conhecer como a população percebe a oferta do serviço de esgoto nas maiores cidades do país, qual a importância que dá a esse serviço, o entendimento de seus impactos sociais, tanto positivos como negativos, bem como de quem é a responsabilidade pelo seu fornecimento, o Instituto Trata Brasil e o IBOPE Inteligência acabam de divulgar a pesquisa “Percepções sobre Saneamento Básico”.

A pesquisa ouviu 1.008 pessoas moradoras das 79 cidades brasileiras com mais de 300 mil habitantes e revelou que 31% da população não sabe o que é saneamento básico. Em uma questão específica sobre o termo, na qual os entrevistados poderiam indicar mais de um tipo de serviço dentro do conceito, as cinco respostas mais mencionadas foram: serviços de esgoto (54%), serviços de água (28%), coleta de lixo (15%), limpeza pública (14%) e pavimentação (8%). A citação ao esgoto ficou em primeiro lugar em todas as regiões do país, seguida de serviços de água, que só na região nordeste ficou em terceiro lugar, atrás de limpeza pública.

Apesar dos dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (Ministério das Cidades) indicarem que apenas metade da população tem acesso a esgoto, 77% das pessoas acreditam que estão ligadas à rede pública. Essa percepção é maior nas cidades do sul (87%) e do sudeste (84%).

“Como os dados oficiais indicam que esta porcentagem é menor, percebe-se que a população acredita que o esgoto de seu domicílio é ligado à rede municipal de esgoto, quando na verdade não é”, afirma Raul Pinho, presidente executivo do Instituto Trata Brasil.

A pesquisa revela que 1 em cada 5 domicílios (20%) consultados declara que não está ligado à rede pública. Os índices são maiores nas cidades da região nordeste (56%) e de médio porte (68%). Segundo Hélio Gastaldi, diretor de atendimento e planejamento do IBOPE Inteligência, quanto menor é a renda, a escolaridade e a classe social do entrevistado, menor é o percentual dos que estão ligados à rede. “Esse resultado era esperado, mas o que chama a atenção é a quantidade significativa das pessoas mais escolarizadas e com uma condição financeira acima da média que ainda não contam com esse serviço essencial. Um terço da classe D/E (32%) não dispõe de acesso à rede pública, proporção que passa para um quinto (21%) dentro da classe C e para cerca de um em cada 10 domicílios (9%) da classe A/B”, comenta.

Em relação à escolaridade dos entrevistados que não têm acesso à rede de esgoto, 23% estudaram somente até o ensino fundamental, 17% possuem o ensino médio e apenas 10% cursaram o ensino superior.

Embora pouco mais de 1/4 dos entrevistados (28%) afirmarem desconhecer o destino do esgoto de sua cidade, percentual próximo (22%) dos que acreditam que os resíduos vão para uma estação de tratamento, para 32%, o esgoto das casas segue direto para os rios. Quanto ao tratamento, 17% das pessoas acham que todo o esgoto coletado recebe tratamento, 50% avaliam que apenas parte dos resíduos é tratado e para 16% não há tratamento algum. Quase 1/5 (17%) dos entrevistados não sabe opinar.

Das pessoas que acham que o esgoto vai para os rios, 32% não estão ligadas à rede pública, 36% moram em cidades do sudeste, 37% habitam em periferias e 37% vivem em cidades de médio por te. As porcentagens das respostas dos que afirmaram que os resíduos seguem para um centro de tratamento estão divididas em: 38% dos mais ricos, 37% das cidades do sul, 37% das cidades de porte médio, 34% dos mais escolarizados e 31% dos moradores do interior. Já entre os que não sabem, 32% são menos escolarizados, 38% estão em cidades do nordeste, 32% vivem na periferia, 35% são de classes mais pobres e 33% moram em favelas.

O esgoto ficou em 7º lugar no ranking de áreas mais problemáticas, apontado por 10% dos entrevistados. A primeira colocação ficou com saúde (49%), seguida de segurança (46%), drogas (40%), educação (28%), emprego (27%), calçamento e pavimentação (11%) e limpeza pública (11%).

Entre os que apontaram o esgoto como a área de maior problema se destacam os que não estão ligados à rede (22%), os moradores de favelas (17%), cidades de médio porte (16%), periferias (15%) e cidades nordestinas (14%).

A maioria dos entrevistados entende que a administração municipal é responsável pelos serviços de saneamento básico (68%). A avaliação dos serviços de coleta e tratamento de esgoto mostra que a atuação da Prefeitura está aquém da expectativa da população, com notas inferiores às dos demais serviços prestados: coleta de lixo (8,0), tratamento de água (7,6), coleta de esgoto (6,4) e tratamento de esgoto (5,9). Apesar de 61% das pessoas afirmarem que a administração municipal se esforça, porém não o bastante, para que os serviços de coleta e tratamento sejam universais, ¼ dos pesquisados (24%) considera que ela não faz nada para que a cidade tenha um atendimento pleno dos serviços. Destes, 34% são moradores de cidades do nordeste, 33% estão entre os mais pobres, 39% vivem em periferias e 45% não estão ligados à rede.

A pesquisa foi feita em cidades com mais de 300 mil habitantes, mas se formos considerarmos em cidades menores, creio que a preocupação com saneamento é ainda menor.

Fonte: IBOPE

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