A reportagem do jornal Extra na edição de domingo, dia 20/9/2009, retrata bem o drama de seis integrantes de uma mesma família que conviviem com os limites causados pela asbestose, uma doença pulmonar.
A jornalista Isabella Guerreiro foi muito feliz em retratar essa realidade que bate a porta de milhares de trabalhadores desse país. Diz a reportagem:
"Quatro telhas, uma caixa d'água, cansaço, dificuldade para respirar, noites mal dormidas e pigarros de cinco em cinco minutos representam o que resta do amianto na vida do aposentado Nivaldo da Silva Simões, de 64 anos. Por 19 anos e seis meses, ele trabalhou frabricando juntas de vedação na fábrica da antiga Asberit, em Colégio, Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro, onde ficava exposto à poeira da fibra durante as suas 14 horas diárias de jornadas.
Em 1994, seis anos depois, ele descobriu que estava com asbestose, uma das doenças pulmonares causadas pela aspiração do pó de amianto ou asbesto, e até hoje sofre com as consequências da doença. Ele tem medo de terminar como seus antigos colegas de trabalho.
̶ Eram 62 pessoas no turno da manhã e 62 no turno da tarde. Esse pessoal quase todo já morreu ̶ lamenta Nivaldo.
̶ Pelo pigarro, pareceu que eu fumei a vida toda, mas nunca botei um cigarro na boca.
O uso amianto é proibido no Rio de Janeiro pela lei estadual 3579/01, mas a lei federal 9055/95 permite o amianto crisotila (branco). No fim de agosto, a Eternit, uma das cinco empresas do Estado que utilizam a fibra, foi proibida de comercializar qualquer produto que contenha a substânacia dentro do Rio de Janeiro por uma decisão da 20ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça.
Agora, o Ministério Público abriu mais dois inquéritos para investigar as outras quatro empresas e 12 estabelecimentos que comercializam e distribuiriam produtos que contêm amianto.
̶ Vamos fazer valer a lei estadual e fiscalizar a comercialização a fim de verificar se os produtos, de fato, pararam de ser fabricados ̶ explicou o promotor Júlio Machado.
Além de Nivaldo, seus três irmãos e dois primos também estão com asbestose. Eliseu Simões, de 50 anos, demostra cansaço só de falar. Os dois movem uma ação contra a empresa ahá 8 anos.
̶ Só ao me secar, depois do banho já me sinto cansado. Trabalho na Comlurb e já mudei de função três vezes. Não aguentei varrer nem capinar ̶ disse Eliseu."
O que é Amianto ?
O Amianto ou asbesto é o nome comercial adotado para um conjunto de minerais fibrosos constituídos de silicato de magnésio, que é utilizado em aproximadamente, 3 mil produtos industriais.
Onde está ?
O material é utilizado na construção de telhas, caixas d'águas, tubulações, divisórias, painéis acústicos e resistentes ao fogo, pisos, forros, etc. Tanto na produção como na manutenção, utilização e demolição de materiais contendo amianto, há risco de liberação de poeira. As fibras podem ter dimensões tão pequenas que são imperceptíveis a olho nu.
Doenças
As doenças provocadas pela poeira do amianto podem levar anos para se manifestar. Elas são incuráveis e progridem mesmo que não se tenha mais contato com a substância. As doenças malignas são: câncer de pulmão, de laringe, do aparelho digestivo; e mesotelioma de pleura e peritônio. As não malignas são: asbestose, as doenças pleurais, derrames e espessamentos pleurais e de diafragma.
No Mundo
O amianto é proibido em 51 países, entre eles França, Alemanha, Itália e Argentina.
Vamos pensar um pouco mais quando formos comprar algum produto que contenha amianto, e aos colegas engenheiros e arquitetos vamos banir das especificações qualquer material que contenha amianto.
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