sexta-feira, 16 de abril de 2010

Vergonha para a engenharia nacional

Ernesto Lindgren (*)

Se um prédio desaba as entidades ligadas à engenharia civil reagem e conduzem uma investigação. Se forem constatados erros nos cálculos da estrutura, fundações ou de procedimentos durante a construção, os responsáveis são advertidos ou punidos. No entanto, no caso do que acontece em vários municípios da Região dos Lagos, nenhuma providência é tomada.

As redes de coleta de águas pluviais foram instaladas e ruas asfaltadas. Depois disso, por decisão das prefeituras, foram transformadas em redes mistas. Além de não obedecerem a requisitos mínimos de uma rede de coleta de esgoto, lançam esgoto in natura na lagoa. Acresce-se a isso o sistema de coleta de esgoto em tempo seco que as concessionárias Prolagos e Águas de Juturnaíba são obrigadas a implantar por força do contrato assinado com o governo estadual.

A tecnologia do sistema é do século 19 e é uma vergonha para a engenharia nacional o fato de que o Consórcio Intermunicipal Lagos São (CILSJ) e o Instituto Estadual do Ambiente (INEA) tenham optado pelo sistema em 2000 e insistam em mantê-lo apesar dos evidentes danos que causam. O sistema lança, sem tratamento, no mínimo 30% do esgoto in natura coletado na lagoa. Um sistema tão delicado como o de coleta de esgoto é administrado de maneira incompetente.

Além disso, o CILSJ propõe em suas reuniões, registrando em atas e anunciando na Internet, a possibilidade de se alterar o fluxo da água no Canal Itajuru realizando, apenas, dragagem no canal e alargando a ligação entre a laguna de Cabo Frio e a lagoa propriamente dita, como foi feito.

É a admissão da incompetência elevada à potência "n". É o caso de se pegar cada ata, reconhecer as firmas dos signatários, registrar em cartório e mandar para o CREA.

(*) Engenheiro e Professor Universitário

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