quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

A cultura de segurança deve nascer nas altas gerências

Em muitas empresas o processo de segurança e saúde está separado das estratégias dos negócios e dos processos organizacionais, revelando que não há dentro delas uma cultura de segurança implantada e vigente. Nessas organizações, as ações relacionadas à SST (Saúde e Segurança do Trabalho) convivem com o estigma de serem exercidas apenas como uma obrigação legal e são enxergadas pela sua liderança como algo secundário à produção, muitas vezes atrapalhando as atividades e a produtividade pela intervenção em casos de riscos nos locais de trabalho.

A intensa busca das organizações pelas certificações ISO nos últimos anos, por força do mercado e para maior aceitação de seus produtos ou serviços pelos clientes e outros stakeholders, teve um forte efeito sobre o comportamento organizacional diante das questões relativas à Saúde e Segurança do Trabalhador. Essas questões vêm ganhando espaço nas discussões das altas esferas da liderança empresarial, pois estas perceberam que tais itens necessitam ser tratados com o mesmo rigor e cuidado com que desenvolvem a gestão de qualidade de seus produtos. Esse entendimento pressupõe uma empresa que pretende garantir não apenas que seu produto seja competitivo, mas também que seja produzido sem agredir a saúde de quem o produz e o meio ambiente no qual está inserida essa organização.

Esse processo de conscientização da liderança torna-se a matriz da cultura de Segurança e Saúde Ocupacional de uma organização.

Uma política de Segurança e Saúde Ocupacional no trabalho estrategicamente selecionada, acolhida, desdobrada em planos de ação e disseminada pela liderança organizacional no ambiente produtivo certamente é um dos fatores de relevância e benefícios para todas as partes interessadas.

Sabe-se que o modelo taylorista-fordista considerava o pulso forte do supervisor no controle do processo produtivo, a separação da concepção e execução do trabalho, interesse principal pela quantidade produzida e a qualidade final do produto.

As mudanças na organização do trabalho, inovação tecnológica e o esgotamento do mercado consumidor, devido à sua incapacidade de absorver toda a produção de bens e serviços, impuseram um novo modelo produtivo: o da flexibilização. Este requer esquema participativo, trabalhadores polivalentes, competência e autonomia; gerenciamento pela qualidade total incluindo a satisfação das necessidades de clientes internos e externos; educação no trabalho, times de trabalho, kanban e just-in-time, comunicação em rede, entre outros aspectos.

A organização do trabalho na América Latina e, especificamente no Brasil, é heterogênea. Ela ainda apresenta a coexistência dos dois modelos: o taylorista-fordista, na maioria das pequenas e médias empresas, e o da flexibilização, naquelas em que predomina o grande porte e as multinacionais.Muitas empresas, à vista desse cenário, ainda não assimilaram bem a cultura de Saúde Ocupacional e Segurança no Trabalho, que prima pela atuação organizacional de forma preventiva e pró-ativa contra riscos e perdas.

Fonte: Revista Proteção - edição 215

Nenhum comentário:

Postar um comentário